Megalitismo

Foram monumentos com esplendor semelhante ao da Anta da Aldeia da Mata que fascinaram e inquietaram muitos eruditos na segunda metade do séc. XIX. Quem levantou tamanhas pedras? e porquê? A curiosidade despertada por estas construções, o Homem de quem se fala, são um dos propósitos da arqueologia enquanto ciência – a busca pela reconstituição das acções porque os vestígios materiais mostram os homens agindo.
não é ao acaso que a herança monumental megalítica foi a primeira de entre as estruturas antigas a merecer a designação de Monumento nacional. os horizontes do Alto Alentejo estão pontuados por mais de meio milhar destes monumentos megalíticos. São elementos significantes da paisagem, repositórios de existências e vivências, repletos de mistérios e simbolismo e que ao longo de milhares de anos foram, como são hoje, parte integrante e inolvidável do espaço alentejano. estas estruturas megalíticas agrupam-se em dois tipos: antas e menires. nas próximas páginas apresentam-se algumas das que mais se destacam no território, não só pelo seu simbolismo, mas também pelo seu estado de conservação e acessibilidade.

Todos estes monumentos se encontram em propriedades privadas, sujeitas a exploração agro-pecuária, pelo que importa respeitar os acessos
estabelecidos, as culturas, a presença de gado e o estado (aberto ou fechado) em que se encontram portões e cercas. Os proprietários dos terrenos agradecem.

Glossário

Megalitismo
Do grego megas = grande e lithos = pedra.
Designação abrangente. Corresponde a construções utilizando grandes pedras. O fenómeno ocorreu à escala mundial, embora em diferentes épocas e de formas distintas. Na Europa, identifica-se com um vasto conjunto de monumentos, de carácter ritual e funerário, como menires e dólmens, que datarão do Neolítico Final e do Calcolítico, sobretudo na fachada atlântica.

Anta ou Dólmen
Sepultura, em princípio colectiva, feita com esteios, na posição vertical ou sub-vertical, de planta poligonal, ou outra; podem ser simples, fechados ou abertos. As formas mais com- plexas possuem um corredor (curto, médio ou alongado) ou marcação da entrada; estes espaços (câmara e corredor) são cobertos por lajes, em posição horizontal.
A construção é normalmente envolvida por um tumulus ou mamoa, ocultando-a. Existem ainda outras estruturas associadas como o átrio e o corredor intratumular. São espaços reservados à deposição e perpetuação de um número restrito de indivíduos, que pela sua prestação em vida, no seio da sua comunidade, mereceram um estatuto privilegiado.

Origem: Megalitismo e comunidades megalíticas na área da Ribeira Grande (Alto Alentejo), Marco António da Silva Andrade (2009) Universidade de Lisboa

Calcolítico
Período da Pré-história, compreendido entre os finais do IV milénio e o terceiro quartel do III milénio a.C.. Identifica-se com a ocorrência dos primeiros objectos metálicos e sítios fortificados; tornam-se frequentes as ocupações em abrigos e áreas abertas.

Esteio
Grandes pedras, criteriosamente escolhidas, colocadas em posição sub-vertical, parcialmente sobrepostas, configurando um espaço fechado: a câmara e o corredor.

Necrópole
Do grego nekrós (cadáver, morto) e pólis (cidade). Necrópole é a cidade dos mortos.

Neolítico
Período da Pré-história, compreendido entre o VI e os finais do IV milénio a.C., normalmente associado à economia agro-pastoril, ao sedentarismo, à inovação técnica (cerâmica, tecelagem, moagem, etc.), às transformações de ordem económica, social e de relacionamento com a Natureza, e à expressão do fenómeno do megalitismo.

Mamoa
Montículo artificial, construído apenas com terra, superficialmente coberto com pedras ou inteiramente feito com pedras (cairn).

Mesa
Grande pedra de cobertura da câmara que assenta no topo dos esteios.

Menir
Pedra alongada implantada verticalmente no solo, isolada ou em recintos megalíticos, estaria imbuída de significados muito diversificados: espaço ritual de fecundidade/fer- tilidade, marca na paisagem, organização do espaço, ponto de orientação, leitura astronómica. Os menires do Alto Alentejo parecem alinhar-se, como muitos do Alentejo Central, numa orientação geral concordante com a da Lua de Primavera.

Cromeleque
Conjunto de vários menires dispostos em forma de círculo, elipse, rectângulo ou figuras mais complexas.